Danny Boyle é um cineasta bastante multifacetado. Quem olha para os filmes que realizou repara que este não é um realizador que se gosta de manter sempre no mesmo registo. Boyle realizou com tanta dedicação pequenos filmes independentes, como Millions, como grandes produções, como este Sunshine, filmes de culto arrojados como Trainspotting (o filme que o tornou famoso) e filmes de terror como 28 Days Later…. É sem dúvida um excelente realizador e este ano promete correr aos Óscares com o aclamado Slumdog Millionarie.
Sunshine é a sua viagem ao mundo da ficção científica. Influenciado por filmes como 2001: A Space Odyssey, de Kubrick, Solaris, de Tarkovsky e Alien de Scott, Boyle consegue aqui criar um filme bastante interessante, que para além de ter bastante atenção aos pormenores científicos (alguns bastante credíveis) consegue também criar uma atmosfera bastante tensa que se vai intensificando com o desenrolar da história.
O argumento é uma variação de várias histórias que já vimos contadas em alguns filmes desastre como Armageddon ou The Core, ou seja, a sobrevivência da humanidade é ameaçada por alguma coisa e é reunido um grupo de pessoas sobre o qual recai a responsabilidade de salvar o mundo. Neste caso é o Sol que está a perder a sua energia, o que faz com que na terra se viva num clima glacial. A solução é levar uma mega bomba que tem o intuito de revitaliza-lo. O filme segue um grupo de pessoas que vai na nave Icarus II, estas pessoas tentam levar a cabo a segunda tentativa de resolver o problema visto que a nave Icarus I desapareceu sem cumprir a sua missão sete anos antes.
A grande mais-valia deste filme é o ambiente criado, que faz lembrar em certas alturas todos os filmes que citei acima como influências de Boyle. Aliás, Boyle parece ter mesmo tirado o que mais deve ter gostado em cada uma destas obras. Infelizmente, apesar de ser uma obra razoável, nunca consegue chegar aos calcanhares de nenhum dos filmes mencionados, talvez por os crer misturar todos.
Outro aspecto interessante é a interacção dos passageiros à medida que os problemas vão surgindo. É isso conjugado com o ambiente claustrofóbico da nave que poderia ter tornado este num excelente filme. Mas não tornou, e isso deve-se ao facto do último terço do filme ser bastante mais fraco que o resto. A partir do momento em que a tripulação volta da Icarus I, começam a desenrolar-se um conjunto de acontecimentos que não fazem jus ao que se estava a passar durante o resto do filme.
Fazendo o balanço entre os aspectos positivos e os negativos pode dizer-se que o filme sai por cima. É um filme agradável com pormenores excelentes. É pena perder-se um pouco ao aproximar-se do fim, mas de qualquer forma vale a pena assistir pois é um filme que está alguns pontos acima de outras obras deste tipo.