Nota: Crítica publicada na Red Carpet de Setembro de 2008.
Actualmente o cinema norte-americano vive uma fase onde está completamente inundado com sequelas, prequelas, remakes e spin-offs, sendo estes produtos geralmente bastante inferiores à obra que lhes deu origem. Juntando isso ao facto de os filmes de super-heróis também estarem na moda podemos dizer que Hellboy II: O Exército Dourado seria um filme do qual não se deveria esperar algo de novo. Mas a verdade é que este é um filme que supera o seu antecessor e demonstra mais uma vez a mestria de Guillermo del Toro, que escreveu e realizou esta obra.
Hellboy (2004) foi a apresentação do “rapaz do inferno” e contou-nos como o super-herói foi invocado pelos nazis em plena Segunda Guerra Mundial e como usou mais tarde os seus poderes para ajudar a humanidade. Hellboy II: O Exército Dourado tem uma história mais madura que a anterior, com um melhor ritmo e cenas mais intensas. Neste filme assistimos à tentativa de Príncipe Nuada, nobre pertencente a uma raça antiga, em reunir três peças de ouro que lhe permitirão ter o fabuloso exército dourado ao seu dispor. Este exército é constituído por 4900 guerreiros imparáveis. Nuada consegue as duas primeiras peças facilmente mas a terceira será mais complicada pois vai parar às mãos de Hellboy e seus companheiros.
A quantidade de seres apresentadas neste filme é incrível e é pena não serem mais explorados. Infelizmente, muitos deles, só temos a oportunidade de os ver, ficando sem saber o que são. Mas assistir a Hellboy II é quase como ver as criaturas do universo de O Senhor dos Anéis invadirem os tempos modernos. Este facto é bastante curioso e talvez tenha uma razão de ser. Del Toro será o realizador do The Hobbit, obra que antecede a história da trilogia dos anéis. Talvez o realizador tenha aproveitado este filme para mostrar o que era capaz de fazer com este tipo de universo.
Outro aspecto bastante positivo do filme é o facto de ser bastante bem humorado. Já o seu antecessor o era e este consegue ser ainda mais divertido. É engraçado ver uma personagem demoníaca como Hellboy a ter uma vida conjugal, com todos os seus altos e baixos. A relação entre Hellboy e Abe Sapien é também um dos pontos fortes do filme, principalmente a cena em que se embebedam e cantam uma música romântica juntos.
Como em todos os últimos trabalhos de del Toro, este é um filme irrepreensível em termos técnicos. Desde a cinematografia, da responsabilidade de Guillermo Navarro (um habitué nos filmes de del Toro), à caracterização, guarda-roupa e direcção artística este é um filme impecavelmente executado.
Hellboy II: O Exército Dourado é assim um excelente filme para quem gosta de super-heróis mais quer fugir um pouco ao arquétipo criado neste género. Repleto de fantasia, é um filme deslumbrante visualmente, com uma repartição equivalente entre cenas de acção e cenas mais leves e cómicas.