27
Jan 09

Nota: Crítica publicada na Red Carpet de Junho de 2008.
 
“O Reino Proibido” (“The Forbidden Kingdom”) é um filme de aventura e fantasia que tem a particularidade de juntar duas das mais conhecidas estrelas asiáticas das últimas duas décadas, os mestres do kung fu: Jet Li e Jackie Chan. Há muitos anos que se falava num possível projecto conjunto entre estes dois gigantes das artes marciais, mas só em 2008 foi possível junta-los no grande ecrã. O resultado desta junção não é mau, mas poderia ter sido muito melhor, caso tivesse sido feito há dez anos atrás. Este é um filme que apesar de estar repleto de excelentes cenas de acção, bons combates e cenários esplendorosos, é, no seu conjunto, uma obra que deixa bastante a desejar.
 
Vamos então começar pela história. Jason Tripitikas (Michael Angarano) é um jovem norte-americano que tem uma enorme obsessão pela cultura chinesa e principalmente por filmes de kung-fu antigos. Jason costuma ir a uma loja em Chinatown, onde arranja esses filmes de que tanto gosta. Essa loja é de um velhote asiático, que se tornou um bom amigo seu. Um dia, Jason é intimidado por jovens rufias que o obrigam a ajuda-los a assaltar a loja. Jason acaba por ceder e durante o assalto, que corre mal, é catapultado para um mundo paralelo, que se assemelha à china antiga, mas que está recheado de fantasia e personagens míticas. Neste mundo, o jovem é obrigado a cumprir uma missão cheia de perigos para conseguir voltar a casa.
 
Este argumento foi escrito por John Fusco (que escreveu “Hidalgo”, e está a trabalhar no argumento de um remake do filme de Kurosawa, “Os Sete Samurais”!!!!). Fusco parece ter visto de seguida filmes como “O Feiticeiro de Oz”, “O Senhor dos Aneis”, “Momento da Verdade” e filmes de Kung-fu dos anos 70 e decidido que deveria fazer um filme que contivesse elementos de todas estas obras. Isso até poderia não ter sido mau, caso não tivesse pegado em todos os clichés existentes nestas obras para escrever um argumento previsível, nada original e muito pouco emocionante.
 
Outro pormenor que me desagradou no filme foi a sua personagem principal. Acho que teria funcionado muito melhor se fosse um jovem asiático. Não é que desgoste de Michael Angarano, mas acho que não tem o carisma, nem a habilidade, necessária para esta personagem. Por outro lado, também acho que as personagens de Li e Chan foram mal atribuídas. Faria muito mais sentido que Chan ficasse com a personagem de Li, visto que tem uma componente mais cómica, para a qual Chan teria muito mais apetência. É uma pena que duas estrelas com a presença e fama de Li e Chan não tenham sido melhor aproveitadas e que esta não tenha sido uma produção totalmente asiática, que nos livrasse de todos os clichés que os norte-americanos tanto gostam.
 
Mas nem tudo no filme é mau. Se é verdade que o argumento é muito fraquinho, em termos técnicos o filme está bastante bom. Os cenários são espectaculares, com cores e sítios que nos estimulam o olhar, ao estilo do que estamos habituados a ver em filmes como “O Tigre e o Dragão”, “Herói” ou “O Segredo dos Punhais Voadores. As cenas de combate estão muito bem conseguidas, ou não fossem coreografadas pelo famoso coreógrafo Yuen Woo-ping (“O Tigre e o Dragão”, “Matrix” e “Kill Bill”).
 
Assim, este é um filme claramente vocacionado para jovens, o que pode ser algo desapontante para quem vai à espera de algo um pouco mais sério e maduro. É entretenimento “Fast-food”, vê-se, não se desgosta, mas passado pouco tempo esvai-se da memória sem deixar qualquer vestígio.
 
publicado por Luís Costa às 16:36

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