Dog Day Afternoon (1975)
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Dog Day Afternoon é um filme sobre um assalto a um banco que correu mal. Os assaltantes (Al Pacino e John Cazale) eram claramente amadores e não tinham planeado as coisas como deviam. Então, algo que deveria ter demorado pouco mais de dez minutos arrastou-se por o dia todo. Durante o assalto temos tempo para ficar a conhecer bem as personagens e descobrir as razões que as levam a cometer tal acto. Principalmente as razões de Sonny Wortzik (Pacino), um homem inteligente (ao contrário do seu parceiro) e, até então, honesto. Sonny está entre a espada e a parede, não tem dinheiro, tem dois filhos para criar, e um(a) amante que precisa da sua ajuda. É pela relação que mantém com o amante (e talvez também pelo filme se basear em factos reais) que este foi um filme tão controverso para a altura. Se hoje em dia a transexualidade é um assunto tabu, então imaginem em 1975. Mas tirando esse “pormenor”, Dog Day é um filme impecável em termos técnicos e narrativos. É uma obra muito à imagem de Sidney Lumet, que gosta de pegar em assuntos delicados e dissecá-los no grande ecrã. |
Zack and Miri Make a Porno (2008)
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Kevin Smith é um daqueles realizadores que se mantêm mais ou menos no mesmo registo em toda a carreira. E isso é bom ou mau? Para alguém que faz sempre filmes ruins é mau, mas esse não é o caso de Smith. Sem ter uma obra-prima na sua carreira, deve ser dos realizadores mais regulares que conheço. Tenho gostado de todos os filmes que vi dele. São divertidos, politicamente incorrectos e retratam pessoas e situações que muitas vezes não são exploradas em filmes de outros cineastas. Zack and Miri Make a Porno não é excepção à regra. Só a premissa do filme dá logo para ver que o género não podia ser outro que não a comédia. Dois amigos de infância vivem juntos, apesar de nunca terem tido qualquer tipo de relação mais íntima. Quando a situação monetária de ambos começa a apertar resolvem fazer um filme pornográfico de forma a ganhar algum dinheiro. Juntam um conjunto de amigos e conhecidos e começam a filmar. Numa das cenas Zack (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks) são obrigados a ter relações e isso acaba por despoletar sentimentos que eles não sabiam ter um pelo outro. Com um tema destes é normal existirem piadas um pouco fortes para certas pessoas. Mas no caso de não serem muito sensíveis a esse tipo de piadas, vão achar muita piada ao filme. |
The International (2009)
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Deve haver um nome para filmes deste tipo. Filmes de acção/suspense que se baseiam em conspirações. São sempre bastante políticos e incidem sobre uma ou duas pessoas, a tentar desvendar um mistério, contra o resto do mundo. Neste caso a corporação vilã é um banco que negoceia em armamento. As pessoas que lutam contra ele são as personagens de Clive Owen e Naomi Watts. É verdade que Owen se encaixa na perfeição neste tipo de papel e que as cenas de acção no museu Guggenheim, em Nova York, são excelentes, mas parece faltar qualquer coisa ao filme. Talvez seja o facto de a vingança do herói demorar tempo de mais a acontecer e acabar depressa. É assim um thriller razoável. |
Outlander (2008)
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Este era um filme que eu teria adorado, caso o tivesse visto na minha adolescência. Digo isto pois o filme não é mau. Tem uma história razoável, bons momentos de acção, efeitos especiais bons (quem não os tem hoje em dia), um bom elenco, mas depois entra o factor: onde é que eu já vi isto? É que é difícil encontrar uma cena que não seja um cliché. De qualquer forma, vale pelo que é, uma obra de entretenimento “pastilha elástica”. Mastiga-se, goza-se o sabor durante algum tempo e deita-se fora. |
Strangers on a Train (1951)
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Li uma frase sobre este filme que gostei: “Murder is the demonic alternative to divorce.”. Ou em português: Homicídio é a alternativa demoníaca ao divórcio. Gostei da frase e acho que diz muito sobre o cinema de Hitchcock. Basicamente, o crime cometido neste filme (tem que existir sempre um, maioritariamente homicídio, nos filmes do mestre) tem esse objectivo. Livrar alguém da sua mulher. Mas o filme não é assim tão simples. Dois homens encontram-se num comboio. Ambos de classe média-alta, bem vestidos e bastante educados. Guy é mais jovem e joga ténis, o que o torna alguém famoso. Bruno é algo intrusivo, muito inteligente e corrupto, alguém que não olha a meios para chegar a fins. Numa conversa entre os dois descobrem que existe na vida de ambos alguém que está lá a mais. Bruno sugere então ao tenista que façam homicídios cruzados. Ou seja, Bruno mata a esposa de Guy, para que este possa casar com a sua amante, enquanto Guy mata o pai de Bruno de forma a este ganhar a sua herança. Guy leva a conversa na brincadeira, mas Bruno é um psicopata e acaba mesmo por matar a esposa de Guy. O resto do filme é sobre como Guy reage a este acontecimento sinistro, sempre com Bruno no seu encalce. Como em todos os filmes de Hitchcok, Strangers on A Train vive da tensão que cria no espectador. Esta sempre foi a grande mais-valia do realizador e aqui a narrativa é construída de tal forma que para além da tensão ainda cria algum desespero por vermos alguém inocente numa situação muito complicada. Mais um grande filme, a não perder. |
The Hangover (2009)
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Crítica aqui. |
Scarlet Street (1945)
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Fritz Lang e Edward G. Robinson fizeram dois filmes juntos. Dois film-noir separados apenas por um ano. Este é o segundo filme e depois de o ver fiquei curioso sobre o primeiro. Já vi alguns filmes da fase americana de Lang e achei-os bastante bons. São filmes muito negros, que dão uma ideia bastante perversa da sociedade americana, com personagens desprezíveis e sem escrúpulos. No caso deste filme, até um homem honesto, que trabalhou a vida toda e que nem é capaz de enfrentar a esposa, é capaz de cometer os mais vis actos. E que dizer do desempenho de Edward G. Robinson? Era um actor espantoso. Brilhou em todos os filmes que vi dele e fico surpreendido com o facto de o único Oscar que arrecadou ter sido o Honorário. |