Este ano, a disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro foi bastante renhida. Das weisse Band (Hanake) e Un prophète (Audiard) apresentavam-se como os grandes favoritos, por serem os mais aclamados tanto a nível da crítica como de palmarés. Os restantes candidatos concorriam por fora. E foi como “outsider” que o argentino El secreto de sus ojos arrebatou, com alguma surpresa, o tão cobiçado Oscar.
Ao sair de casa para ir ver O Segredo dos Seus Olhos ia a pensar se este seria realmente melhor que Un prophète (o único que tinha visto). Sai da sala e posso afirmar que, pelo menos, é igualmente bom.
A história desenrola-se em volta de Benjamín Esposito (Ricardo Darín) e na sua investigação e luta para encontrar e chamar à justiça um homem que matou e violou uma jovem rapariga. Esta investigação passa-se em períodos distintos e separados por mais de vinte anos. Para além da luta pessoal levada a cabo por Esposito, este tem ainda que lidar com a sua enorme e recalcada paixão pela sua superior,Irene Hastings (Soledad Villamil).
O argumento é sem dúvida uma das mais-valias do filme. Com bastantes reviravoltas, não são precisos grandes momentos de acção para aumentar a tensão ao longo do filme.
Numa altura em que os cinemas estão repletos de lixo cinematográfico é excelente constatar que ainda existe cinema de qualidade. Filmes que fundam os seus alicerces num bom argumento e em boas interpretações. Sem ser um filme caro, percebe-se que esta é uma obra feita com bastante cuidado e com grandes valores de produção. Faz lembrar os bons tempos em que era feito cinema de qualidade pelos americanos.