Ano: 2006
Duração: 144 min
País: EUA/ RU / Republica Checa
Língua: Inglês
Género: Acção / Aventura / Suspense
Realização: Martin Campbell
Mads Mikkelsen
Criticas na Internet
Internacionais:
- James Berardinelli's
- Cinema Blend
Nacionais:
Prós e Contras
Prós: Um novo Bond, mais sério, realista e humano. Relacionamento de Bond com as outras personagens, principalmente Vesper e M. Paisagens espectaculares.
Contras: Não é fiel aos filmes mais “normais” de 007, onde a fantasia abunda (não considero isso totalmente mau, mas prevejo que alguns fãs se sintam defraudados).
Comentário Final
Casino Royale de Ian Fleming foi o primeiro romance da saga de James Bond. A narrativa decorre nos anos 50 em plena guerra-fria, e conta-nos a história de um agente secreto inglês que tem a missão de jogar num casino contra Le Chiffre, um agente soviético, para o impedir de ganhar o dinheiro.
Como é óbvio esta história teve que ser adaptada aos tempos de hoje. Os tempos da guerra-fria já lá vão e a União soviética foi substituída por terroristas (que mais poderia ser) e revolucionários.
Com a adaptação do livro aos tempos modernos também James Bond teve que ser “modernizado”. O Bond charmoso e elegante teve que dar lugar a um Bond mais bruto e grosseiro, um “action-man” que não hesita correr atrás de um criminoso enquanto que outros Bonds pensariam: “O quê? Eu? Suar o meu fato para apanhar alguém? Nunca”. Para este Bond problemas extremos necessitam de medidas extremas e por isso não olha a meios para obter resultados, nem que para isso seja preciso sangrar.
Daniel Craig deu-nos uma das melhores representações que um Bond já teve. Eu confesso, era um dos que pensava que ele não se iria sair muito bem. Sou daquele fãs do 007 que acham que nenhum actor iria interpretar Bond como o Sean Connery. Não que tenha detestado os outros Bonds, mas faltava-lhes sempre qualquer coisa. Com Craig, o que falta em charme e elegância a Bond, é colmatado por carisma, desembaraço e tenacidade. Neste filme Bond é humano, sofre, erra e sangra como outra pessoa qualquer.
Há ainda a acrescentar uma vertente mais cómica de Bond devido à sua ironia e sarcasmos corrosivos. Neste filme Bond tem excelentes “one-liners” como quando o barman lhe pergunta a característica frase: “Shaken or stirred?” ao que ele responde: “Do I look like I give a damn?”. Ou então a parte em que está a sofrer uma atroz tortura e não perde o sentido de humor gozando com o Le Chiffre.
Mas não foi só Craig que teve uma excelente representação, o filme está repleto de bons actores, com destaque para Judi Dench (M), Eva Green (Vesper) e Mads Mikkelsen (Le Chiffre). As relações de Bond com estas personagens estão muito bem desenvolvidas. Judi Dench teve neste 007 a sua melhor oportunidade para demonstrar as suas qualidades de representação, pois em mais nenhum 007 a sua personagem era tão forte e carismática. O vilão do filme, Le Chiffre, é também uma personagem bem construída e convincente, não sendo o mais inesquecível e melhor vilão de sempre da saga, mas ocupando certamente um lugar de destaque.
Em relação à principal Bond Girl, Vesper Lynd, está espectacular. A beleza e o requinte da actriz contribuem para o seu sucesso, mas a forma como foi desenvolvida a personagem e a interacção que tem com Bond são memoráveis. Aquela cena do chuveiro é de uma sensibilidade e romance como nunca antes se viu nesta saga.
O facto do argumento do filme reflectir um Bond mais duro, humano e sensível deve-se principalmente à mão de Paul Haggis (Argumentista: Million Dollar Baby e Flags of Our Fathers; Realizador: Crash). A forma como Bond e Vesper se relacionam ao longo do filme enriquece-o bastante, assim como a qualidade dos diálogos entre eles.
Paul Haggis decidiu ainda não incluir as míticas personagens Q. e Miss Moneypenny, o que traz um maior realismo à série, mas trai de certa forma a mística e a fantasia da série.
Em relação ao desenrolar da história, tem um bom ritmo, dividindo-se, na minha opinião, em três partes: Acção, Romance, Acção. A parte mais romântica foi bastante importante para o desenvolvimento da história e para um conhecimento mais profundo de Bond. As partes de acção são empolgantes e bem feitas, a história não é complicada e é até algo linear, mas tem uma reviravolta interessante no meio.
Achei a típica (nos filmes 007) cena teaser pré-créditos de abertura muito bem pensada, foi inteligente a forma como o realizador, Martin Campbell, a colocou a preto e branco com o intuito de diferenciar um período pré-007, pois nesta cena James Bond ainda não tinha o estatuto de 00.
Os característicos créditos de abertura estão bastante coloridos e animados, sendo usados vários símbolos relacionados com as cartas. Esta cena é acompanhada pela música "You Know My Name" de Chris Cornell (Audioslave e Ex-Soundgarden).
Assim, Casino Royale é um dos melhores filmes baseados na obra de Ian Fleming, e certamente o filme de acção do ano. É um filme que mistura bons segmentos de acção com algum romance e um bom desenvolvimento das personagens, tudo em paisagens e cenários absolutamente deslumbrantes, tendo assim tudo o que se pede num filme deste género.
Em relação a Daniel Craig, este encaixa na perfeição num James Bond que se pretende que quebre a ligação com os Bonds anteriores (até porque o filme é sobre a origem de Bond), mais adaptado à realidade actual, sendo mais moderno, verosímil e original. Craig é sem duvida a maior revelação deste filme. Quem esperava que ele se espalhasse completamente vai ficar certamente surpreendido.
Agora é aguardar dois anos pela sequela e esperar que mantenha a qualidade evidenciada neste.
Nota: